segunda-feira, 8 de março de 2010

Debate entre os pré-candidatos no Recife revela quem é quem na disputa interna do PSOL

Por Leonardo Monteiro

Cerca de 150 filiados e simpatizantes do PSOL lotaram o auditório do bloco J da UNICAP em Recife para acompanhar o debate entre os pré-candidatos à presidência da República, Martiniano Cavalcante, Babá e Plínio de Arruda Sampaio. Foram três horas de debate. A presidente nacional do PSOL, Heloisa Helena, prestigiou o evento e num dos blocos dividiu sua intervenção com o presidente do PSOL-PE, Edilson Silva, na defesa da pré-candidatura de Martiniano Cavalcante.

A direção do PSOL-PE construiu um formato de debate em que os filiados pudessem não apenas ouvir discursos, mas perceber mais a fundo a base e a estratégia real de cada pré-candidatura. Para tanto, além da abertura de 15 minutos para cada um, a intervenção de 7 minutos para apoiadores, e mais 10 minutos de fechamento, os pré-candidatos puderam perguntar entre si, responder, replicar e treplicar. O formato revelou-se muito eficaz. Os presentes puderam assistir um riquíssimo debate, bastante acalorado e muitíssimo duro é verdade, mas revelador das reais posições e contradições das pré-candidaturas.

Sem nenhum apoiador em Recife e nem na região, já que caravanas de outros estados vieram a Pernambuco, Babá utilizou-se de um militante do Pará para fazer uma intervenção de apoio à sua pré-candidatura. Em todas as suas intervenções parecia estar debatendo com a própria Marina Silva na mesa, responsabilizando a pré-candidatura de Martiniano pelo diálogo com a mesma. Esqueceu-se, mas foi lembrado por Martiniano, que o diálogo com Marina foi aprovado por mais de 2/3 do Diretório Nacional e que apoiadores da pré-candidatura de Plínio estão também entre os que apostaram naquele diálogo. Babá também condenou veementemente o PSOL ter tentado atrair o delegado Protógenes Queiroz para suas fileiras e fez um balanço muito negativo do PSOL até aqui, embasando suas falas na crítica à Heloisa Helena. Talvez um dos momentos mais importantes do debate com Babá tenha sido seu compromisso assumido publicamente de não retirar sua pré-candidatura em favor da pré-candidatura de Plínio e levar a sua até o final da conferência.

Para Babá o PSOL deve localizar-se na extrema esquerda do espectro político, muito próximo do PSTU. O balanço de sua intervenção pelos presentes com certeza é de que o PSOL, nestes poucos anos de vida, já se mostrou refratário a posições sectárias e autoproclamatórias como a que sua pré-candidatura defende. Mas o Babá é o Babá, como já disseram dele quando do debate do Rio de Janeiro. A maior expectativa mesmo estava em relação ao Martiniano e ao Plínio.

Martiniano foi claro e firme em suas posições. Defendeu a trajetória do PSOL, destacou as muitas virtudes do partido, sem tergiversar sobre suas insuficiências, e defendeu o fundamental papel de Heloisa Helena na construção do partido, na sua legalização e fortalecimento na campanha de 2006. Sobre os duros ataques que sofreu responsabilizando-o pelo diálogo com Marina Silva, afirmou que foi correta a busca do diálogo não só com Marina Silva, mas também com Protógenes Queiroz, e que infelizmente as buscas não tiveram êxito e que quem perdeu com isso não foi a direção do PSOL, mas o PSOL de conjunto e a esquerda brasileira.

Diferenciando-se de Plínio e Babá, que colocaram Dilma, Serra e Marina no mesmo patamar, Martiniano afirmou que é um erro fazer de Marina Silva o alvo principal do PSOL. Segundo ele, esta política só favorece ao PT. Os alvos centrais do PSOL devem ser os grandes blocos que tentam polarizar a opinião pública com um mesmo projeto: PT e PSDB, tendo a crítica à Marina um papel necessário, mas secundário na conjuntura.

Martiniano reafirmou o que está escrito em seus materiais de propaganda. Defende que o PSOL tenha quatro eixos em seu discurso de campanha: combate à corrupção com profundas reformas democráticas; política econômica alternativa que passe pela auditagem da dívida pública e reordenamento das prioridades orçamentárias; resposta às demandas sociais mais emergentes e estruturantes, como as reformas agrária e urbana e intervenção pesada nas áreas de saúde e educação; e por fim a resposta à questão ambiental, sugerindo a construção de uma plataforma ecosocialista e a constituição de um centro de pesquisa nos moldes da Petrobrás para produzir ciência e tecnologia na área de desenvolvimento ambientalmente sustentável. Respondendo ao Plínio sobre o papel do discurso socialista na campanha, Martiniano afirmou que o programa eleitoral deve ser anticapitalista com orientação socialista, e que a campanha não deve servir somente para se fazer propaganda do socialismo.

Plínio abriu sua fala afirmando que Marina Silva, Dilma e Serra são os inimigos do povo e que o programa que ele estava defendendo poderia ser chamado de democrático e popular. Afirmou ainda que uma das tarefas da campanha é unificar a classe trabalhadora e a frente de esquerda com o PSTU e PCB, forças com quem a militância do PSOL está construindo uma nova central sindical no Brasil.

Plínio, porém, não explicou como um “programa democrático e popular” poderia atrair forças como o PSTU para a sua candidatura, visto que este programa não tem consenso nem no interior do PSOL. Plínio também não conseguiu explicar porque na Wikipédia ele se coloca como crítico e opositor intransigente a este mesmo programa democrático e popular e, por conseguinte, segundo a Wikipédia, opositor de Heloisa Helena e correntes como a APS e o MES, e agora, no meio dos debates, alterna suas posições. A tese de Plínio na Wikipédia é a mesma que ele explicitou em varias publicações e debates anteriores dentro e fora do PSOL, inclusive no debate do Rio de Janeiro, em que afirmava que o discurso de campanha deveria chocar a opinião pública, como dizer que o MST não deveria ter destruído 7 mil pés de laranja da fazenda da Cutrale em São Paulo, mas 70 mil pés. Plínio afirmava que o PSOL deveria ter uma anticandidatura.

Diante destas contradições, Babá perguntou a Plínio exatamente sobre isto, e Plínio mais uma vez fez uma relocalização de seu discurso no transcorrer do debate, buscando sustentar o insustentável: manter seu discurso original, de anticandidato e de propaganda do socialismo, e ao mesmo tempo agradar aos ouvidos dos defensores do programa democrático e popular no interior do PSOL.

O formato do debate, porém, permitiu que esta contradição viesse à tona com mais força mais à frente. Martiniano criticou a oscilação de posições de Plínio e explicitou-as. A única saída de Plínio foi declarar que cada afirmação se dá num contexto, ficando mais do que nítido para os presentes a inconsistência do discurso de Plínio. Um discurso para cada ocasião.

Plínio foi ainda perguntado sobre suas declarações excessivamente elogiosas ao Lula, como a que ele deu em entrevista recente à Carta Capital. Plínio tentou socorrer-se na platéia, perguntando quem nunca tinha elogiado o Lula. Diante das manifestações afirmando nunca terem elogiado Lula não restou outra saída para Plínio senão fazer uma autocrítica, dizendo que pode ter cometido um exagero. Foi um exagero caríssimo ao PSOL então, pois se ele, Plínio, for o candidato escolhido, a militância do PSOL e Plínio em particular vão ter que passar a campanha explicando as declarações dadas por Plínio elogiando Lula numa das revistas semanais mais lidas do país.

Quem participou do debate, que foi todo gravado em vídeo, saiu convencido de que o candidato mais equilibrado, com uma proposta mais adequada ao perfil de nosso partido, com melhores condições que congregar as forças internas mais conseqüentes do PSOL, é o Martiniano Cavalcante. Martiniano será a surpresa da eleição 2010: um discurso afiado, articulado, firmeza, coragem e ousadia na defesa de suas posições, o único capaz de desidratar a candidatura de Marina em favor da legenda do PSOL, o único capaz de enfrentar sem ter que dar explicações a polarização PT x PSDB. Martiniano foi muitíssimo superior no debate para aqueles que querem um PSOL socialista, transformador e de massas.

Leonardo Monteiro é membro do Diretório Estadual do PSOL-PE e Secretário Geral do PSOL-Petrolina

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Obs.: sugiro que entre no site do PSOL nacional para conhecer as teses para conferência

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