sexta-feira, 24 de junho de 2011

LIBERDADE

“Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta... que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda..." Nas palavras de Cecília Meireles, somos convidados a nos sensibilizar com algo que, embora pareça tão distante do real, permeia nossas vidas e nos alimenta nessa caminhada.

E se você ganhasse mal e fosse pra rua protestar por melhores salários e acabasse na cadeia ou com pimenta nos olhos? E se você fosse negro e, ao sair de casa pra trabalhar, alguém te chamasse de vagabundo pelas costas? E se você fosse gay e quisesse dar um beijo na boca do teu amor no meio da rua em plena luz do dia, você faria? E se você fosse mulher e chegasse numa delegacia pra denunciar que foi espancada pelo companheiro e o policial de plantão te perguntasse, ironicamente, o que você fez pra merecer aquilo? E se fosse natal e teu filho, como todos os amigos da escola, pedisse um Nintendo Ultra Mega de presente e você não tivesse dinheiro pra comprar? E se te perguntassem se VOCÊ É LIVRE, o que você responderia?

Somente sentimos a dimensão de ser livre quando somos, de algum modo, oprimidos. Quando nos são retirados direitos (sejam eles o de ir, o de vir, de falar, de questionar, de ser, de escolher), cala-se em nós a maior capacidade que temos: a de sermos humanos. No mundo das abelhas, por exemplo, existe uma hierarquia natural e inalterável. A rainha nasce e morre rainha, enquanto as operárias passam a vida na labuta da produção do mel. As operárias não questionam esta condição. E a gente, o que faz?

Para que não se cale em nós a condição humana, a opressão precisa ser sentida coletivamente. Se você se sente oprimido sozinho, pouco ou quase nada de seu incômodo será ouvido. A liberdade requer o outro. Somente sentimos a dimensão de ser livre quando somos todos, quando somos juntos. E somente nessa convivência é que praticamos a liberdade. Seja quando nos sensibilizamos pela questão do outro, seja quando pensamos juntos novos caminhos para determinada situação. É nessa troca que começamos a entender as diferenças, não para tolerá-las, porque tolerar implica que talvez sejamos melhores que o outro, mas para VIVER COM. Viver com as diferenças e fazer delas não um motivo para diminuir o outro, mas para fortalecer a todos nós perante as opressões que sofremos histórica e cotidianamente.

O “inimigo” não é o teu vizinho nem teu colega do trabalho. Ele é uma máquina invisível e constante que vai comprimindo nossas utopias e nossa liberdade em nome dos interesses de quem comanda essa engrenagem. Recuse-se a ser apenas uma peça nisso tudo. E experimente ser quem você é, coletivamente.

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